25 de novembro de 2008

das conversas inventadas.

Bazinha diz: então, nós temos que começar a pensar no carnaval, hein.


pensar no carnaval. a época que sempre gostei mais do ano todo. a oportunidade de estar junto com as amigas que eu amo e beber, e rir, e chorar, e cair e fazer todas as merdas que as licenças poéticas do mundo possam permitir. engraçado. nem a idéia do carnaval, no momento, me apetece.


' a gente pensa melhor tomando umas cervejas.' - alguém sugere.
'ok'- eu concordo.
sento no boteco. nos primeiros copos, estou ainda resmungando. 'ah, carnaval? pra que carnaval? festejar o que? o sem sentido da vida? a tristeza? o vazio? o...'
'mas meninaaa!' - escuto alguém gritar, ao longe.' que papo estranho é esse? então vc nao lembra o que eu te disse quando vc tava lá em BH? quem nasce no Rio já vem com meio carnaval andado, minha flor!'
eu ensaio um discreto sorriso.'é'- eu respondo.'mas malandro é malandro e mané é mané. meu carnaval andou mais do que devia, e já tá quase no fim, parece.'- e tomo mais umas cervejas. parece que estão descendo mais amargas do que o normal. mas é aí, que lá pelas tantas da noite, quase madrugada, ele aparece. ele sempre aparece nessas horas.' me ajuda, amigo. perdi o tesão até pelo carnaval, como fas?'- eu pergunto.
'querida.'-ele suspira.' te digo uma coisa, se o amor é fantasia, me encontro ultimamente em pleno carnaval.'
'ah!'- e é minha vez de suspirar.'pois eu te digo que das minhas fantasias, eu já me despi, e meu carnaval inteiro agora parece só uma interminável quarta-feira de cinzas.'
aí ele olha pra mim. e sorri aquele sorriso meio malandro, meio maledicente e meio paternal, que só ele sabe dar. lança mão da minha caixinha de fósforo que estava sobre a mesa e começa a cantarolar.
'acabou nosso carnaval, ninguém ouve cantar canções, ninguém passa mais brincando feliz, e nos corações saudades e cinzas foi o que restou. pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê, que nem se sorri, se beija e se abraça, e sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor. e no entanto é preciso cantar! mais que nunca é preciso cantar, é preciso cantar e alegrar a cidade. a tristeza que a gente tem, qualquer dia vai se acabar, todos vão sorrir, voltou a esperança, é o povo que dança contente da vida, feliz a cantar. porque são tantas coisas azuis, e há tão grandes promessas de luz, tanto amor para amar de que a gente nem sabe! quem me dera viver pra ver e brincar outros carnavais, com a beleza dos velhos carnavais, que marchas tão lindas, e o povo cantando seu canto de paz.'
e meu olho enche d'água, mas ao invés de lágrima, o que aparece é um sorriso. dessa vez, sem ensaio. um sorriso mais forte que eu, que minha tristeza que não queria deixar ele sair. e então eu penso:
'voce tá mais que certo, vinicius. quer saber? todo carnaval tem seu fim, mas deixa eu brincar de ser feliz, enquanto posso.'

22 de novembro de 2008

encontros e desencontros.

-oi.
-oi.
-tudo bem?
-não.
[não, tá tudo uma grande e imensa merda, mas nem você e nem ninguém quer de verdade uma resposta sincera pra esse tipo de perguntinha feita, mas mesmo assim, às vezes a gente manda pras cucuias as convenções.]
- o que você tem?
[já começou errado, pq voce não pergunta 'o que voce nao tem'? porra, desde Freud, a humanidade já aprendeu que a falta é o que nos faz sofrer. o que dói em nós é justamente aquilo que a gente não tem/ não pode ter. voce continua:] - aconteceu alguma coisa?
- nada.
[eu desisto de tentar.]
-ah,ok.
-...

PORRA! pq as pessoas não conseguem entender que NADA é justamente a pior coisa que pode [não] acontecer?

Sobre a separação II.

Quando você vai embora de nós
o pronome parte-se ao meio
você diz que só leva o s
e o que adianta?
se comigo sobra o nó
na garganta.

Rita Apoena.

alter-ego, mano.

não tenho vontade nenhuma de lutar por você, mas também não tenho vontade nenhuma de não lutar. Não espero nada, mas também não espero outra coisa nenhuma. Eu não tenho nada.

-

eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar.
É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto.
Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista.

tati Bernardi.

abre los ojos.

ter você me confortava, me distraía. voce era a única pessoa que me fazia ser eu de verdade, aí nessa porra de cidadezinha.
e sem você, eu sou obrigada a olhar pra minha vida e perceber a merda que ela realmente é.

(pequena epifania surgida de uma conversa dramática no msn com duas grandes amigas. eu sei que parece que eu não entendo, ou que voces nao estao ajudando, mas vcs nao sabem o quanto eu agradeço por ter pelo menos essa certeza na vida: de ter algumas poucas - mas boas e suficientes- amigas de verdade. amo vcs)

ps: esse post foi editado. depois que eu o reli, eu percebi que esse 'voce' serve pra voces dois. voce que eu amei pra sempre, enquanto durou. e voce, que eu acho que vou sempre amar. afinal, o NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS de se ter quem morreu. e dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a), mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
C.F.A.

clichezando.

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


sempre voce, vinicius.

would you erase me?

coisas que eu percebi sobre você - ou sobre mim? - enquanto olhava a chuva cair:

eu percebi que você nasceu pra ser livre. voce nasceu pra encantar e ser encantado, e esse encanto tem que ser alimentado constantemente, tipo uma fogueira. tudo em vc é fullgás, diria a Marina.
e eu te entendo, pq eu tb sou assim, sabia? meu encanto pra vc acabou; o seu dura mais, infelizmente [ vc me avisou que era feiticeiro, mea culpa]. mas, como eu sei que é uma merda ser assim, te deixo, enfim, livre.
fique você aí, com suas menininhas bonitinhas de 17 anos, que sempre rirão das suas piadas, sempre acharão um charme seu jeito junkie-fake-filosófico de ser, sempre acreditarão que vc é o cara mais inteligente na face da Terra. vai lá, cara, vcs se merecem.

eu percebi que não posso exigir mais de você, que você se deu ao máximo pra mim, que isso, apesar de me parecer pouco, é o máximo que vc se permitiu ser amado por alguém EVER. e eu agradeço por isso. eu não posso mais querer nada do seu futuro, e tenho que esquecer o seu presente, mas o seu – ou melhor- NOSSO passado, desse eu não abro mão. mas entendi, que o que a gente faz com um passado bonito é assim é guardar ele numa caixinha de lembranças que a gente abre de vez em quando só pra dar uma olhadinha e sorrir, com saudade, ternura e resignação.

eu percebi, que quando eu realmente acreditar nisso tudo que eu escrevi aí em cima, I'll get over you. e aí vai ser lindo. pq a gente vai poder voltar a sair, beber junto, rir, dançar na rua e fazer merda como antes. e eu te juro, é tua companhia que me mais me faz falta, nem é o teu corpo. [apesar de eu amar os seus ombros e as suas pernas, voce sabe ;)]

e, mais importante, eu percebi que eu consigo sim, fazer isso, se eu realmente quiser. voce nao é a pessoa mais importante do mundo. eu até posso ás vezes achar que é. mas não é. eu achava isso do outro tb, aquele antes de vc, lembra? e entao? não passou? vc passa tb.

Eles passarão; eu passarinho. (y)

sabe qual é nosso grande problema, beibe? um filme com duas clementines kruczynski's não poderia mesmo dar muito certo. ninguém gosta muito dele, mas a verdade é que eternal sunshine só acaba bem por que existe um joel barish.


meet me in montauk.

21 de novembro de 2008

tatuagem.

engraçado. ontem eu estava cercada de gente. gente conhecida, gente que passei a conhecer. meios-sorrisos, gargalhadas, fofocas, charminhos, piscadelas, caras-e-bocas, passadas de mão no cabelo, brincadeiras, álcool, álcool,álcool, aquela coisa de sempre.

nunca fui tão sociável. e nunca voltei pra casa me sentindo mais sozinha no mundo.

eu não sei se tem a ver com você; eu, na verdade, nem sei dizer se já consegui processar a informação que você foi embora. mas acho que, só o fato de saber você aí, me dava um tipo de tranquilidade estranha, uma sensação de que ainda há esperança, e que, de repente, algumas pessoas podem ter seu final-feliz-hollywoodiano. agora isso acabou. nunca gostei de comédias românticas mesmo! -eu vou me enganar. vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo ás vezes, como se não te amasse sempre.

eu to sozinha agora. all by myself. ela me deixou e agora foi a sua vez. e de voces dois eu guardo a mesma lembrança gravada no corpo, a mesma marca. a que você causou, e que foi ela que ajudou a sarar. eu sempre detestei o meu joelho. e hoje, não há parte do meu corpo que eu goste mais.

'quero ficar no teu corpo feito tatuagem que é pra te dar coragem pra seguir viagem quando a noite vem.'

falar que meus olhos são lindos é fácil, beibe. ( é, agora é com VOCÊ aí) eles são verdes. amar é achar bonito até as cicatrizes, as pequenas manchinhas no corpo, os machucados, o chulé. é ter a 'favourite beauty spot that you loved secretely 'cause it was on a hidden bit that nobody else could seem'.
ps: é realmente engraçado como a gente tem a mania de usar a palavra engraçado justamente quando as coisas não têm nada de engraçado.

olheiras, ossos e escárnio.

Já que você me viu dormir, acordar, tomar banho, gozar e ter medo de requeijão vencido, acho que posso te dizer mais algumas coisas. Até porque não preciso ter medo de espantar o que já está tão longe de mim.Eu vou embora porque tenho pavor de você querer que eu vá embora. Não ser mais desejada por você é como ser convidada pelo super homem para sobrevoar minhas dores e, de repente, só porque o super homem não existe e eu deveria saber disso, ser lançada lá de cima, de encontro aos meus mundinhos antes tão grandes, depois tão pequenos. Agora enormes. Se aproximando. Se aproximando. E cair de cara em mim mesma. E me quebrar e quebrar tudo de novo. Eu não faço questão que ninguém goste de mim, mas fico completamente louca quando alguém gosta. Porque descubro que cada segundo da minha vida foi pra sentir isso. E o que será dos próximos segundos? Não me tire da minha merda pra depois me lembrar que tudo é uma merda. Sem fim, sem fim.
tati bernardi.